Entrevista: PL da anistia é “golpe dentro do golpe”, diz Kakay

Carla Castanho
Carla Castanho é repórter no Jornal GGN e produtora no canal TVGGN

“Não se pode permitir que continue no governo quem assinou esse PL golpista, que é o golpe dentro do golpe”, alerta o criminalista

O advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, em entrevista ao programa TVGGN 20 Horas

O Projeto de Lei que propõe anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro — e que pode ter a tramitação acelerada na Câmara — é, nas palavras do criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, um “golpe dentro do golpe”.

Sem qualquer fundamento jurídico e flagrantemente inconstitucional, trata-se de uma proposta que, segundo o jurista, visa pressionar o governo e aprofundar a tensão institucional. “Não se pode permitir que continue no governo quem assinou esse PL golpista, que é o golpe dentro do golpe”, afirmou Kakay em entrevista ao TVGGN 20 Horas [confira abaixo].

O PL que visa propor o “rito acelerado” na Câmara reuniu, na semana ada, 264 s de parlamentares, entre eles 140 deputados da base do governo Lula. Para Kakay, um dado que escandaliza e revela a fragilidade da coalizão que sustenta o Planalto e a confusão política que ainda impera, mesmo após a clara tentativa de golpe no início de 2023. 

A desmoralização do Judiciário e dos militares legalistas

Na avaliação do criminalista, a tentativa de institucionalizar o perdão aos responsáveis pelo golpe é, na prática, uma forma de reescrever a história recente e impedir que os envolvidos sejam devidamente responsabilizados.

Mais do que isso: desloca novamente para o Judiciário a responsabilidade de defender a Constituição. “O STF seria obrigado a declarar a inconstitucionalidade do PL, o que serviria novamente como combustível para os ataques ao Supremo”, alerta.

Além da desmoralização do Judiciário, apontada por Kakay, o jornalista Luís Nassif também trouxe à análise um dado relevante do repórter Marcelo Godói, especialista em temas militares: a aprovação da anistia seria uma traição aos militares legalistas que se recusaram a aderir ao levante golpista.

Ainda assim, mesmo com a ofensiva articulada por setores bolsonaristas para salvar Bolsonaro e seus aliados, Kakay aposta que o novo presidente da Câmara, Hugo Motta, não cederá à pressão.

“Hugo não vai fazer uma coisa dessas com ele próprio. Ele é novo, acabou de assumir a presidência da Câmara. E, se fizer, será refém dessa história mal contada. E se ar, você acha que o Alcolumbre vai colocar pra votar? Ele é um político antigo. Ninguém quer anistia“.

Assista à entrevista completa abaixo:

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2 Comentários

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  1. O Ministro André Mendonça já pré-julgiu os golpistas:

    “É certo que, sob o ponto de vista formal, o sujeito ivo do crime de organização criminosa é a ‘sociedade’, assim como, quanto aos crimes contra o Estado Democrático de Direito, o sujeito ivo é a ‘democracia’. Entretanto, isso não altera o fato de que, de acordo com o iter cogitado, os atos executórios atingiriam diretamente o e. ministro relator. Atos esses que, em tese, configurariam ilícitos penais autônomos acaso não verificada a consunção pelos delitos suso mencionados —em relação aos quais, inclusive do ponto de vista dogmático, ele seria a vítima”.

    Se os argumentos do André Mendonça fossem vitoriosos, bastaria os golpistas afirmarem que matariam todo e qualquer juiz que encontrassem pela frente. Como todos poderiam ser vítimas, os golpistas ficariam impunes

  2. Em suma, todos os que subscreveram tal projeto de anistia deveriam ter seus nomes encaminhados ao conselho de ética e julgados. No mínimo, eles faltaram ao juramento que fizeram quando assumiram seus mandatos: defender a nossa Constituição. E também, no mínimo, são dignos de terem seus nomes publicamente execrados e destinados ao ostracismo para sempre.

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